O Futebol no Omã, na Arábia e na Indonésia: Entrevista exclusiva com o brasileiro Arthur Félix

Bora fugir um pouco do futebol brasileiro e europeu? Confira uma incrível resenha com o zagueiro tupiniquim formado no Athletico-PR. Ele é só elogios ao futebol asiático: Vem conferir!

O Futebol no Omã, na Arábia e na Indonésia: Entrevista exclusiva com o brasileiro Arthur Félix
15 Julho 2021 - 18:42 - Atualizar: 11 Fevereiro 2024 - 00:58

Por: Marco Tucci

Aqui no Br Futboo e em muitos portais esportivos pelo mundo, estamos acostumados a escrever sobre o esporte mais popular do planeta, com foco no Futebol Sul-Americano e Europeu, certo? Pensando em sair um pouco fora da casinha, ou melhor, do nosso mundo tradicional, nós vamos iniciar hoje uma série de mini reportagens que vão fugir da Europa ou da América. A matéria de estreia será com o zagueiro brasileiro Arthur Félix, de 31 anos, que também atua de volante e atualmente joga no futebol da Indonésia, mais precisamente jogador do Persik Kediri.

No fim da reportagem: fotos do atleta dentro e fora de campo.

O início de tudo/ Arthur começou a carreira nas categorias de base do Athletico-PR. Atuou pelo Paulista de Jundiaí, Cruzeiro (foi treinado por Adilson Batista nos profissionais), XV de Piracicaba, Volta Redonda, Salgueiro, Icasa e daí transferiu-se para o futebol do exterior em 2015. Primeiramente jogou no Omã, depois na Arábia Saudita, voltou para Omã e neste ano transferiu-se para Indonésia, onde atualmente disputa a primeira temporada por lá.

Voltando para o início da matéria, o nosso foco será mostrar a real face dos jogadores brasileiros no exterior, inicialmente longe da Premier League, La Liga, Budesliga ou Serie A. A realidade nua e crua da maioria dos jogadores brasileiros. E diferentemente do que muitos pensam, a qualidade do futebol asiático cresce a cada dia. Para Arthur, o futebol da Ásia se destaca pela velocidade, com menos espaço para trabalhar a bola. Ele fez um comparativo com o futebol brasileiro:

“Não vejo o futebol brasileiro como o mais difícil do mundo. É um futebol muito técnico, porém lento, vejo como um futebol cadenciado, preso pela parte técnica, mas eu acho que muitos brasileiros têm dificuldades de vir para cá e se adaptar justamente pela velocidade do futebol daqui. O futebol da Ásia evoluiu muito,  é um futebol mais rápido do que no Brasil, com menos espaços, mais compacto. E eu acho que muitos brasileiros que vêm para cá sentem a diferença, que o futebol é mais dinâmico,  no próprio Brasil dependem mais da técnica, do improviso, é um futebol mais lento, com mais espaço...

"Não que aqui seja melhor que o Brasil, porque no Brasil têm talentos que desequilibram, mas em termos de dificuldade para jogar aqui fora é mais difícil para jogar do que no Brasil, porque o Brasil preza por talentos e não tão por um futebol rápido, dinâmico. E aqui também eles buscam muito treinadores europeus,  e sabemos que taticamente e fisicamente a Europa está na frente. Então aqui eles buscam jogadores do Brasil , com a técnica do Brasil, porém com essa parte tática e física da Europa, então eles estão evoluindo a cada ano”, afirmou o defensor.

Abaixo, selecionamos mais 4 respostas de Arthur com os seguintes temas:

1) Salário dos jogadores no Omã, Arábia Saudita e Indonésia
2) Diferença de cultura nos países que jogou. Vai um gafonhoto aí?
3) O dia em que ele foi parado pela polícia: tudo não passou de uma trollagem
4) Os times brasileiros mais conhecidos no mundo árabe

1) Sobre o salário dos jogadores no Omã, Arábia Saudita e Indonésia
R: O salário aqui na Indonésia, por exemplo, varia de 5 a 20 mil dólares por mês, por exemplo um jogador que vem ganhando 10 mil dólares (equivale a 50 mil reais), esse valor é time de Série A que paga no Brasil, time de Série B geralmente não paga. Times medianos e pequenos de Série A, de menor expressão de Série A. Claro que se pegar Flamengo e Palmeiras, todos ganham isso, mas se pegar um time que subiu agora vai pagar isso aí, ou time grande de Série B. Em Omã já pagam um pouco menos, vai pagar de 5 mil a 10 mil dólares, (time de Série B do Brasil, de mediano de Série B). Já na Arábia Saudita pagam igual a time grande de Série A. A 2 Divisão da Arábia equivale a time pequeno de Série A do Brasil, vai ganhar de 8 a 15 mi dólares o mês. Em questão salarial, a Arábia Saudita está em 1 lugar dos 3 países que joguei, tem o Igor Coronato que é de Londrina, meia que foi para lá ganhando por mês 300 mil dólares na 1 Divisão da Arábia, um dos jogadores mais bem pagos do mundo árabe. Ele foi para o Al Ittihad, eles pagam muito e também tem bônus por jogo. É um país muito rico que paga muito bem.

2)Diferença de cultura nos países em que jogou e a saudade de comer feijão
R: Eu dei sorte que em nenhum dos times e países que eu fui tive nenhum tipo de preconceito. Desde Omã até Arábia Saudita, agora na Indonésia. O que mais tem restrições é a Arábia Saudita, que é um país muçulmano, o berço dos muçulmanos, então tem restrições como você não poder ir para shopping de bermuda, bem rigoroso ao islamismo, porém aqui na Indonésia 90% do país é muçulmano, porém te respeitam de uma maneira diferenciada. A curiosidade aqui é na questão da alimentação, o que falta para nós é o feijão dos brasileiros, na rua a gente vê sim alguns bichos esquisitos como gafanhoto e outros bichos, mas eu não tenho curiosidade nenhuma de experimentar, eu deixo esses bichos exóticos para eles.

3) Resenha: O dia em que ele foi parado pela "polícia"
R: A maioria dos jogadores no mundo árabe, 90% tem um outro serviço: eles são policiais. Como no Brasil a gente vai para o exército, lá eles são obrigados depois da escola a se formar e ser polícia, porém a maioria trabalha dentro do escritório, daí a noite eles vão treinar. Só que alguns andam de carro, e uma noite eu tinha saído, estava andando de carro, daí uma viatura me abordou, e esse policial era um jogador que jogava comigo, inclusive zagueiro também, meu parceiro, e ele falou para o outro policial me abordar e falar que eu ia ser preso, que eu não poderia estar dirigindo por ali naquele horário e que eu seria preso. Daí o desespero bateu, eu tentando ligar para diretor, para isso e aquilo, meu inglês na época era muito ruim, daí não conseguia me comunicar, e o policial falando que eu ia ser preso, daqui a pouco sai o meu amigo de dentro do carro dando risada, e virou piada pelo mês inteiro no clube, que eu estava com medo de ser preso.

4) Os times brasileiros mais conhecidos no mundo árabe. E a vontade de jogar no Brasil.
R: A Vontade de jogar novamente no Brasil é claro que tenho, tem grandes equipes e se fosse para uma condição boa, com certeza eu iria. Flamengo, Corinthians, São Paulo e Santos são os principais times que são falados aqui, até por conta de grandes craques que passaram por esses times. Ou que saíram desses times e vieram para grandes clubes daqui da Ásia, então esses times são muito bem falados. Sobre voltar ao Brasil antes de encerrar a carreira eu pretendo ainda, poder jogar em alguns clubes do Brasil e encerrar no meu País.

Por fim, Arthur falou sobre o principal legado do esporte na sua opinião: "ele influencia muitas pessoas a fazer o certo, a não ir no caminho das drogas, vícios, porque quando você está se dedicando 100% ao esporte não tem espaço para esse tipo de coisa. Isso me deixa muito alegre, muito feliz, porque isso influencia as crianças a focarem, a terem disciplina, e não ir a caminhos que levam a consequências futuras negativas. Porque o esporte nunca vai trazer consequências negativas. Sempre vai trazer disciplina, alegria, e boa conduta dentro e fora do campo", concluiu Arthur, um exemplo dentro e fora dos gramados! Vamos as fotos: 


OMÃ


INDONÉSIA


ARÁBIA SAUDITA


ARÁBIA SAUDITA


EM DUBAI COM A NAMORADA

CAPITA NA ARÁBIA SAUDITA

PRÉ-TEMPORADA NO EGITO


OMÃ


 


COMENTÁRIOS

  • 2 Comente
  • Lucas Duarte
    2 mês antes
    Cara, que matéria top!! estava fazendo uma pesquisa justamente em tudo isso que vocês abordaram na matéria. Parabéns Sou de Porto Alegre
  • Equipe Futboo
    2 mês antes
    Que massa que você curtiu, Lucas! Porto Alegre, capital do nosso lindíssimo Rio Grande do Sul! Precisando de qualquer coisa estamos na área, bora resenhar e trocar mais figurinhas do assunto. Recentemente mandamos uma especial nesse mesmo estilo, depois dá uma lida. https://br.futboo.com/gustavo-vagenin-o-brasileiro-que-e-idolo-no-ira-jogou-com-a-10-da-italia-e-e-muito-grato-a-messi/7003/ Forte abraço da Família Futboo