Mauro Beting

Mauro Beting


O maior sábado Tricolor 

04 Novembro 2023 - 11:54

Na bola, na boa, mesmo contra o Boca, e ainda mais no Maracanã, sou Tricolor - mesmo não sendo de coração. 

Mas ninguém joga e anti joga melhor uma decisão de Libertadores que o Boca desde 2000. Quando tem mais time, o que não é o caso, leva. Quando não tem, sobretudo contra brasileiros, costuma vencer. Na pelota ou porrada. Nos 90 ou nos pênaltis. 

Algo que o Fluminense bem sabe. Diniz, mais ainda. Até quando em mágicos cinco minutos virou no Beira-Rio beirando a eliminação. 

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O Flu mostrou que sabe ser cínico contra o Inter. Ou consegue ser copeiro quando necessário. E será mais do que essencial contra um rival que só venceu dois dos últimos 13 jogos. Não ganhou partidas no mata-mata da Libertadores. Mas chega até o Maracanã para tentar se igualar em títulos continentais com o Independiente ganhando todas as disputas de pênaltis defendidas por Romero. 

Não é pouco. E pode ser suficiente em 90 ou 120 minutos que o Fluminense tentar jogar como quase sempre faz bem Diniz. Como algumas vezes fez bonito o Fluminense em 2023. 

Se não conceder os eventuais generosos espaços que doa por querer jogo quando bem sempre é essencial, o Fluminense que terá mais a bola e mais chances tem reais possibilidades de vencer uma partida que é dele se o Flu fizer o que sabe mais do que este Boca. E deixar o antijogo adversário para eles. Sem cair na pilha. Sem tentar revidar. Sem querer ser mais hombre. Mais pelotudo. Boludo. 

Na bola, na pelota, na concentração pelo que tem que fazer, quem sai pelo Cano são os xeneizes. O Flu é favorito em 90 minutos. Um pouco menos em 120. 

(Só não é nos pênaltis). 

Mas não apenas jogar futebol é necessário. Ainda mais pela felicidade tricolor de atuar em casa. Mesmo. 

No Maracanã, desde a abertura dos portões, Nelson Rodrigues dá a letra - antes mesmo da construção do estádio que foi batizado em nome do irmão mais velho, Mário Filho. Como bem lembrou em um maravilhoso texto o colega Caio Blois, no Trivela. "15 anos depois: uma Libertadores pelos torcedores do Fluminense que não estão mais aqui". 

Como a reportagem recorda quem esteve em 2008 e não poderá estar em 2023, um lembrete do Nelson que sempre esteve com o Fluminense:

"Nas situações de rotina, um “pó-de-arroz” pode ficar em casa abanando-se com a Revista do Rádio. Mas quando o Fluminense precisa de número, acontece o suave milagre: os tricolores vivos, doentes e mortos aparecem. Os vivos saem de suas casas, os doentes de suas camas e os mortos de suas tumbas”. 

Será isso. E cada alma presente ao Maracanã terá que responder pelo grito. 

Sim. Também se ganha no grito. Ainda mais Libertadores. Mas aquele urro inteligente de fora para dentro do campo. Não o burro do murro de dentro da alma e da arma para ser mandado para fora do gramado pelo árbitro. 

Quem ganha no grito é o torcedor. No gogó podem perder gols os tricolores de uniforme. Gritar é na arquibancada. Pelo time. Pelo amor incondicional que não é brigar na praia com rival e com estrangeiro.

Na festa que costuma ser linda do Flu no Maracanã, o espírito para conduzir Cano para a meta, Marcelo para além das próprias metas inatingíveis, Ganso para voar com elegância, Fábio para voar como menino, Arias para correr entre as duas áreas, John Kennedy para presidir os ataques, André para ‘volantar’ e ‘zagueirar’, Nino para capitanear, Felipe Melo para morder com responsabilidade, Samuel Xavier para se superar de novo, Alexsander para equilibrar, Keno para rabiscar. 

Não estarão todos eles juntos pelo Fluminense ao mesmo tempo em campo. Mas no mais importante jogo de todos os tempos, Cano será Fred e Valdo. Ganso, Rivellino. Nino sólido como Pinheiro. Fábio levando nas costas a leiteria de Castilho e sonhando com a faixa roxa de Marcos Carneiro de Mendonça não no abdômen. Mas no peito campeão. 

Aquele de onde sairá o gás dos fãs para não parar de gritar. Para não parar de jogar mesmo com o antijogo alheio. Mesmo com a arbitragem padrão Conmebol de pouco acréscimo de tempo e de futebol ao jogo. 

Não tem como resumir tanta história. 

Mas tem como se preparar para o maior sábado tricolor. Com chances reais de ser o maior dia desde 1902. 

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