Desde que Fernando Diniz começou a brilhar, como vice-campeão paulista pelo Audax em 2016 (um ano antes de ser rebaixado com o mesmo time e jogo em 2017 no estadual), ou o ótimo treinador e pensador é incensado além da conta pela troca de bola, pela fluidez ofensiva, pela dinâmica do time, pela aproximação dos talentos, pela inversão de jogo, pelo amor incondicional pela bola. Ou ele é incinerado exacerbadamente pelos mesmos motivos. Sobretudo pelos exageros na saída de bola perigosa desde o goleiro, no desequilíbrio defensivo, e na teima em querer fazer bonito quando nem sempre é bonito jogar lindo.
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Na seleção brasileira, não seria diferente. Na ótima estreia contra a pavorosa Bolívia em Belém, para não poucos ótimos o Brasil parecia ter enfrentado a Hungria de 1954 jogando como se fosse um misto do Brasil de 1982 com o de 1970 com a categoria do Dream Team do basquete norte-americano. Mesmo que tenha dado espaços generosos como no gol boliviano.
Na pálida vitória sobre o mais ajustado Peru em Lima, sempre um resultado muito importante, a partida de muitos passes errados foi um zero a zero com gol de Marquinhos, aos 44 do segundo tempo. Um escanteio bem batido por Neymar, e sempre muito bem antecipado pelo zagueiro do PSG.
Mas, antes disso, apenas dois gols longamente anulados e corretamente pelo VAR; uma boa jogada de Neymar no final do primeiro tempo; um chute de longe perigoso de Rafinha. E só.
Se Ederson não foi acossado pelo amuado time peruano, também teve um ajuste defensivo melhor da equipe de Diniz. Mas é fato incontestável que o jogo foi mais sonolento do que uma partida de Eliminatórias terça-feira, 23h, em Lima, e com 9 minutos só de checagem de VAR...
Algumas críticas já soam e são pesadas demais para uma seleção que mal teve tempo pra treinar e que, segundo quase todos os seus jogadores, trabalha de um jeito que eles não estão acostumados na Europa, ou em quase toda a carreira.
O modo de jogar de Diniz que é mesmo bacana, que é bonito, que muitas vezes dá gosto de ver, que outras vezes dá apuro de torcer, merece ser tentado. Merece ser testado. Só não merece Diniz ser queimado a cada saída de bola errada em um jogo de várzea, ou ser creditado a ele um eventual acerto como se ele fosse uma mistura de Guardiola, Telê Santana, Rinus Michels, Albert Einstein e Nelson Mandela quando dá certo uma saída apoiada contra uma equipe horrorosa.
Futebol brasileiro precisa de um pouquinho mais de paciência. Pra não dizer que o brasileiro precisa ter um pouco mais de equilíbrio.
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