Babbo, há exatos 11 anos eu estava usando o mesmo microfone da Rádio Bandeirantes para anunciar a sua partida. Naquela madrugada de quinta-feira, Weverton ainda celebrava o acesso do Athletico (que não se escrevia assim) para a Série A.
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Enquanto fazia 10 dias que o nosso Palmeiras tinha caído para a mesma série B. O mesmo goleiro que, dois anos depois, levaria o primeiro gol palmeirense no Allianz Parque. No jogo em que o Palmeiras de 2014 se salvou da terceira queda.
Marcos Rocha, outro multicampeão alviverde, acabara de ser eleito o melhor lateral do BR-12, e até para a seleção havia sido convocado. O jovem Naves tinha 10 anos de idade em Santos. Cidade onde dois dias depois de sua partida final, você, Babbo, foi homenageado pelos dois clubes, e pelo nosso Palestra que entrou na Vila Belmiro com a camisa com seu nome, e a sua frase numa faixa carregada pelos jogadores.
Murilo tinha 15 anos na base do Cruzeiro, em novembro de 2012. Piquerez tinha 14, na cantera do Defensor uruguaio.
Richard Rios, 13, ainda estava na Colômbia. Zé Rafael estava começando no Coritiba. E só em sonho ele podia imaginar jogar no Palmeiras do coração, clube que terminou com os 16 anos sem títulos em 1993 - quatro dias antes do Trem nascer.
Raphael Veiga, Babbo, também é outro palmeirense como nós. De avô e pai. E estava no juvenil do Audax carioca, com 17 anos, em 2012.
Rony não era rústico. Mas era base do Remo, aos 17. Breno Lopes, o do Maracanã, tinha 16 anos no sub-17 do Cruzeiro. Flaco López, que marcou os dois gols finais dos 4 a 0 contra o lanterna América, tinha 11 anos e jogava no Independiente. O clube de Avellaneda que em 1961 você viu jogar contra o Palmeiras, na primeira vez que você viajou de avião, cobrindo esse jogo pelo jornal O Esporte.
Endrick marcou o primeiro gol com um minuto. Endrick. O maior talento revelado pelo Palmeiras, Babbo. Ele tinha seis anos em Taguatinga quando você partiu.
Em Portugal, no sub-21 do Sporting, começava então a carreira de treinador Abel Ferreira. Ex-lateral uma vez chamado por Portugal pelo seu amigo e ídolo Felipão. O treinador do Galo que, horas antes dos 4 a 0 palmeirense, fez 3 a 0 no Flamengo que parecia ser o principal candidato ao título junto com o Palmeiras.
Em pleno Maracanã.
Antes da antepenúltima rodada, o Palmeiras virtualmente só dependia dele para ser campeão mais uma vez. Bicampeão. Dodecacampeão.
E, depois da paulada do Galo sobre o time de Tite, mesmo que o Atlético agora esteja cada vez mais vivo, e jogando melhor do que o próprio Palmeiras, o atual campeão tem ainda mais chances.
Até por essas coisas que cada vez mais acontecem com o Botafogo. No Couto Pereira, Tiquinho Soares marcou de pênalti, aos 51. E Edu empatou, para o Coxa, dois minutos depois.
Precisava o torcedor alvinegro sofrer assim? Não dava para ser apenas zero a zero contra um rival rebaixado como o Coritiba? Precisava de novo o Fogão levar gol de empate no final do jogo, como foi contra Red Bull e Santos?
Não vou dizer que é só o Botafogo botafogando. É também o tradicional Palmeiras da chegada. Como foi em 2022, nas 13 finais de Abel. Em 2018, com Felipão, e um mistão que jogou 14 dos 38 jogos. Em 1972, acreditem, também foi assim no 3 a 0 contra o Coritiba, com apenas 8 mil no Palestra, para ver a arrancada da Segunda Academia.
E no Robertão de 1969, em grande arrancada do Verdão de Rubens Minelli, que havia começado muito mal o campeonato, para atropelar no quadrangular final.
Professor Minelli que nos deixou há uma semana. Nesta quarta foi a missa de sétimo dia dele. Grande treinador. Enorme palmeirense. E que lá em cima deve estar falando com um jornalista de economia que ele tanto gostava. E como se admiravam.
Professor e Babbo que torceram mais cedo por Felipão no Maracanã. Como sempre. E mais ainda pelo Palmeiras de Abel.
Pra sempre.
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