O campeão brasileiro foi tri campeão estadual. Tri que não acontecia em São Paulo desde 2019, com Carille no comando corintiano. O que não acontecia com o Palmeiras desde que era o Palestra, em 1934.
Bicampeão nacional que vira tri estadual só aconteceu no futebol brasileiro em 2021, quando o Flamengo bicampeão brasileiro em 2019-20 foi tricampeão estadual, de 2019 a 2021. Não é pouca coisa o que fez o Palmeiras no Paulistão. É histórico o que tem feito o time de Abel. E nem precisa ser brilhante pra ser melhor do que o bravo Santos (que deverá ser campeão da série B). Palmeiras de poucos erros é que nem precisa acertar demais para superar o São Paulo que nem na semifinal chegou. E que o Corinthians que fez o seu pior Paulista em 20 anos, com o pior início desde 1932.
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Deu o que se esperava antes mesmo de a bola rolar no Rio. O Flamengo venceu o brabo Nova Iguaçu por 1 a 0 e sacramentou o que havia encaminhado no jogo de ida, nos 3 a 0 no Maracanã. Um Flamengo que não tomou gol no campeonato quando jogou completo. Em um RJ-24 em que o Botafogo de novo ficou pelo caminho, o Vasco nem na decisão chegou, e o Fluminense campeão da América ainda não voltou da festa do título da Libertadores.
O Cruzeiro chegou a pintar como favorito no segundo tempo depois do gol de Vital, e da recuperação na Arena MRV na segunda etapa, na ida. Mas levou rapidamente a virada no Mineirão, e se perdeu até o gol de Scarpa. O primeiro dele após o retorno ao Brasil. O primeiro de muitos agora com Gabi Milito que deve arrumar uma casa que promete. Enquanto o Cruzeiro já despediu seu treinador, e. ainda não conseguiu se despedir e despir das dificuldades dos últimos anos terríveis.
Mais do mesmo também no Gauchão. O Inter com grande potencial se perdendo feio na semifinal. O Grêmio pintando o sete sem as dificuldades que brotam na Libertadores. Recuperando mais uma vez carreiras como a de Diego Costa.
Fim de estaduais recheados de clássicos que igualam os desiguais. Como foi a grande vitória do Ceará nos pênaltis contra o Fortaleza. Como foi a superação do Vitória contra o Bahia. Só no Paraná quase não deu graça. Onde o Athletico ganha e joga de braçada. Passou como quis contro Maringá, e segue fazendo a merecida festa pelo seu centenário. E, a propósito, que não se perca jamais a data antológica, desde 1924.
Não fosse a resposta tão histórica quanto heróica do Vasco da Gama carioca da gema que desbravou o cabo das tormentas preconceituosas da elite do Rio em 1924, o futebol do Brasil não teria todos os dias Domingos da Guia para nortear nossa defesa. A bola brasileira não teria o Diamante Negro Leônidas da Silva. A Maravilha negra da ópera de Fausto a brilhar primeiro na Europa. A muralha de Barbosa a boa defende. Não fosse o Vasco lutar pelos direitos humanos e pelo lugar em campo das camisas pretas como a pele de Zizinho, o Pelé do futebol não seria Rei do Santos e do Brasil penta mundial.
Édson que era luz e Vasco de Nascimento e de criança. Vasco que é berço da esperança por respeito e amor ao que melhor se faz no Brasil. Jogar bola. E jogar todo mundo junto. Na raça. Como raça. Pelo popular, não pelo populista. Pelas pessoas de todas as cores e crenças e credos e classes. Contra a elitização, não contra a elite mesmo que elitista.
A resposta histórica do Vasco ao jogo sujo de uma elite preconceituosa é a maior vitória do clube em 100 anos. Maior vitória no futebol. Maior vitória da humanidade que só tem Barreira em São Januário no nome. Berço dos muros e barreiras superadas pela luta de quem tem amor e respeito à flor da pele. No murro e na marra contra todo preconceito.
As camisas negras vascaínas são as mais pesadas já vestidas no Brasil. Investidas eternamente na luta pela dignidade. Revestidas pela armadura de amadores que jogaram as próprias carreiras e vidas para viver em todos os campos. A resposta histórica vascaína é o melhor "não" para quem não sabe que não tem jogo com o preconceito.
É o "não" que sempre será assim. O "sim" pelo jogo para todos. Por todos. Pelo Vasco vasto como o mar. Pelo Brasil mais brasileiro. Da gema e da gama. Na grama e acima da grana. Na graça da raça que não tem preço. Tem valor. Tem o Vasco que teima e não treme. Tremula a bandeira branca da paz. A preta da cor da pele e da alma.
Na raça e na pele de Pelé e de tantas taças. Quando o Vasco disse "não" ao campeonato para dizer "sim" aos 12 que a elite queria tirar de campo, o clube não tirou da reta e nem saiu da rota. Com retidão e caráter se afirmou e reafirmou que não tem jogo com preconceito há 100 anos.
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